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Geógrafo Jorge Gaspar condecorado como Grande Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique pelo Presidente da República Cavaco Silva

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Depressão cavada ou ocupação excessiva, desorganizada, irreflectida e pouco cívica do solo?

Nas últimas 72 horas, Portugal Continental e os Arquipélagos dos Açores e da Madeira debateram-se com níveis elevados de precipitação e fortes ventos. Os meteorologistas designam este fenómeno por depressão em contraponto ao anticiclone. Uma depressão é quando o ar quente da superfície converge para um determinado ponto e ascende, originando o arrefecimento desse ar, que por sua vez permite o aparecimento de nuvens, seguido de precipitação. Normalmente as depressões atingem valores na ordem dos 900 hpas (hectopascais) ou mb (milibares), que é a unidade de medida da pressão atmosférica (força que o ar exerce sobre uma determinada superfície terrestre).
O que tem acontecido por estes dias é que o valor de pressão do ar está abaixo dos 900 hpas, causando assim muita instabilidade atmosférica. Este sistema depressionário está situado sobre todo o território de Portugal e por aqui se tem mantido, pelo que nestas situações e com estes valores, é comum designar a depressão como "depressão cavada".
Este tipo de depressões originam ventos muito fortes, atingindo velocidades que podem facilmente chegar aos 100 km/hora e ainda precipitações abundantes que podem atingir os 8 mm por metro quadrado num espaço de apenas duas horas, surgindo assim as inundações e os deslizamentos de terras.
Mas será a mãe natureza responsável por tudo isto?
Em parte sim, mas a actividade humana dá um forte contributo. Ora vejam:
- somos responsáveis por libertar para a atmosfera gases com efeito de estufa, como os CFC´s (Clorofluorcarbonetos) que são os mais perigosos, provocando o aumento da temperatura e a consequente subida do nível das águas do mar;
- tornamos a superfície do solo impermeável ao construirmos habitações, garagens, parques subterrâneos, caves para armazenamento, linhas do metropolitano, entre outras infra-estruturas, desviando assim os cursos de água subterrâneos do seu percurso natural, permitindo que eles se concentrem em determinadas áreas, mas com um volume por metro quadrado bem superior ao desejável;
- construimos de forma errada muitas das infraestruturas que permitem o escoamento destas águas da chuva, ou então simplesmente não as construímos;
- não cuidamos da limpeza das áreas envolventes aos terrenos de que somos propietários, permitindo uma acumulação de detritos que mais não fazem que entupir as saídas que permitem o escoamento das águas;
Ainda pensam que a natureza é resposável por tudo isto?

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